Apodyopisis
Estudo tuas curvas
como quem analisa uma paisagem impressionista
fantasiando nas armadilhas do tecido
tua tez ainda vestida.
Na malha turva
imagino-te simplista,
de couro curtido,
em pelo despida.
Como-te com olhos
musa de coração fascista
que ama a um só partido
ao contrário do que o corpo elucida.
Desfilas em minha passarela
sem os apetrechos desta vida,
nua de fato e razão,
nua por minha fantasia
Não éis aqui mulher de outro,
éis beleza esculpida,
estátua errante,
decorada de tamancos e bijuterias
Tornas-te minha barbarella,
minha heroína desprevenida,
alvo de minha visão
que às tuas roupas renuncia.
Por fim passas rápido,
cortando prepotente a avenida,
sumindo doravante
desta minha utopia.